Depois de meses de ensaio e aprendizado, o Bloco Altamente ganhou as ruas de Itabira e estampou o centro da cidade de azul e laranja. O Paredão da Rua Tiradentes e o Largo do Batistinha se transformaram no endereço da folia no último sábado, 23 de fevereiro, e foi lindo de se ver.
Mas tudo começou muito antes disso. O músico Juninho Ibituruna, mestre da bateria, foi quem deu o pontapé inicial por meio de uma oficina. “Quando comecei em outubro, fiquei bem surpreso. Logo no primeiro dia apareceram umas 15 pessoas e, por incrível que pareça, esse é um número expressivo para esse tipo de oficina. Graças à boa repercussão, fiquei esperando que a cada dia esse número se multiplicasse”, explica Ibituruna.
E se multiplicou! Com 55 integrantes, a grande maioria iniciantes, as oficinas foram dando corpo à bateria e, consequentemente, ao Bloco Altamente. “O desafio maior de se criar um bloco com iniciantes é mais uma questão de interesse do que técnica. Se eles estão afim, fica tudo fácil e possível. Para se tocar basta apenas ter vontade. E essa galera estava com muita vontade”, relembra Ibituruna.
A advogada Sabrina Oliveira, que já conhecia o trabalho de Juninho Ibituruna, quando viu a divulgação das oficinas não pensou duas vezes. “Coloquei meu nome lá nos comentários e participei desde a primeira aula com muito entusiasmos e coragem!”, destaca.
Algumas das pessoas que integram o bloco já tinha alguma noção de percussão e viram ali a oportunidade de se desafiar. É o caso da empresária Rubiana Ávila Azevedo, que já sabia tocar alguns instrumentos. “As aulas foram essenciais para o aperfeiçoamento, para entrar no ritmo e entender o enredo proposto. Eu amo percussão e precisava de uma atividade para sair da rotina de trabalho e quando soube que faríamos uma apresentação no pré-Carnaval fiquei ainda mais interessada, pois une minhas duas paixões: música e Carnaval”.
Emoção à flor da pele
Os ensaios e aulas do Bloco Altamente aconteceram em espaços públicos da cidade. Por isso, muita gente acompanhou de perto a evolução dos integrantes. Andrea Brandão, que toca ganzá no bloco, explicou que “observei que era grandioso quando os ensaios começaram a virar eventos! Foi quando percebi que tinha uma grande dimensão”.
Sensação compartilhada por Sabrina. “Sabia que seria algo feito com muito profissionalismo e bom gosto, pois a galera do Coletivo é assim… mas não fazia ideia que levaria centenas de pessoas às ruas de nossa ‘Itabela’ no dia da apresentação!”.
Juninho Ibituruna explica que mesmo para ele foi um susto ver a quantidade de pessoas que o bloco atraiu. “Era muita gente esperando o resultado de um trabalho que já vinha sendo feito nas ruas da cidade. Tinha uma expectativa. Fiquei bastante surpreso. O momento exato que fiquei mais surpreendido foi quando chegamos no paredão (da Rua Tiradentes) e estava todo mundo nos esperando. Foi uma cena linda de se ver”, frisa.
Essa mesma emoção foi compartilhada pelos integrantes do bloco. “Foi sensacional!!! Mas não poderia ser diferente. A nossa galera se dedicou muito”, comemora Sabrina. Para Rubiana foi um momento de “muita emoção e orgulho de fazer parte desse projeto e de trazer alegria e cultura para minha cidade do coração”. Andrea conta que “fiquei até emocionada! Coloquei um sorriso nos lábios e mandei ver!”.
Repercussão mais do que positiva
Para o público presente, a folia agradou muito! A administradora Patrícia Almeida, que acompanhou o cortejo do Bloco Altamente, ressaltou a iniciativa e se impressionou com o fato de ser “um bloco inclusivo, que deu oportunidade para várias pessoas poderem participar como protagonistas. A gente prestigiou uma seleção musical de qualidade e uma energia excelente do Carnaval. Acredito que é a melhor forma de resgatar o Carnaval da cidade, mostrando que a população participa, ama Itabira e gosta de ocupar os espaço públicos com cultura. Torço para que mais blocos nasçam e tenham vida longa”.
O engenheiro Pedro Bretas contou que sempre ouviu dos mais velhos sobre os saudosos Carnavais de Itabira. “Nada mais digno pro atual momento histórico em que vivemos, onde brincar o Carnaval é a luta de um povo, a resistência, a coragem, ocupação das praças, dos locais públicos, ver o Coletivo Altamente arrastar aquela multidão de gente. A bateria impecável, um repertório maravilhoso… foi de arrepiar”.
Fabiana Sampaio, que chegou a participar das primeiras aulas do bloco e se afastou pro motivos de saúde, não perdeu nenhum momento de todo o processo. Para ela, o encantamento ficou por conta do efeito que o bloco causou em quem estava assistindo. “A gente via na cara de cada pessoa que estava ali, a alegria de estar prestigiando algo tão incrível. Extremamente emocionante! Minha intenção é voltar a tocar e ver o grupo crescer. Todos ali se tornaram um pouco músicos”.
Planos para o futuro
Para os integrantes do bloco, a ideia agora é continuar se aperfeiçoando. “Após a apresentação recebemos convites para nos apresentar em outros eventos e empresas. Meu plano é dar sequência às aulas, participar das apresentações com o grupo e manter as grandes amizades que fiz”, explica Rubiana. Andrea acredia que “temos que nos aprimorar e apostar em algo de consciência corporal”.
Juninho Ibituruna destacou que daqui para frente o projeto continua. “A gente já tem uma agenda considerável de apresentações. Inclusive fora da cidade. Depois do Carnaval a ideia é continuar com as oficinas com esse grupo que já chamamos de ‘grupo de apresentação’ e vamos abrir uma nova turma”.
Mas não é só isso! O músico entende que o Bloco Altamente passou a ocupar um espaço importante no movimento de resgate e manutenção da cultura local. “‘O Madalena Não Gosta de Poema’ tem trazido essa volta do movimento carnavalesco e foi um estímulo pra gente criar o nosso. Eu acredito que tanto eles como nós temos uma abrangência maior, por ter muita gente envolvida. Isso cria uma empolgação e um querer grande das pessoas. Esse é um movimento natural e é o momento exato dele virar uma febre. A cidade tem um histórico de movimento carnavalesco e isso se perdeu com o tempo. Está na hora de retomar isso!”, reflete Juninho Ibituruna.
Para Pedro Bretas é preciso ainda mais. “O Carnaval de Itabira precisa ser lembrado pelas autoridades e pelas grandes empresas. A cultura no país precisa de investimento e o povo precisa de cultura. Portanto, temos que enaltecer ao Coletivo Altamente e o Bloco Madalena por acreditarem nos seus ideais e lutarem para que o Carnaval em Itabira reacendesse. Tomara que volte com um bom fôlego pro ano que vem”.
Não deixe de conferir a galeria completa de fotos do Bloco Altamente.
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