A jornalista Maria Júlia Coutinho, carinhosamente apelidada de Maju, foi anunciada como nova apresentadora do “Jornal Nacional”, da Globo, a partir do próximo sábado, 16. A então garota do tempo do JN conquistou o público e a direção da emissora pela competência e simpatia. Mas, Maju se destacou de vez durante a cobertura da tragédia em Brumadinho (MG), ao vivo, durante horas seguidas, na bancada do plantão da Globo.
Maju fará história no jornalismo brasileiro. O JN, considerado o principal telejornal do país, pouquíssimas vezes teve jornalistas negros em sua bancada. Poucas mulheres passaram por lá também. Mas, mulher e negra, será a primeira vez.
Representatividade
A primeira mulher a apresentar o JN, como substituta, foi Márcia Mendes, em 8 de março de 1972, numa homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Apenas em 1972, uma mulher ocupou a bancada definitivamente. Foi Valéria Monteiro que permaneceu à frente da atração até meados de 1993. Isso mudou a cara do JN que, até então, contava com dois homens como titulares. A partir de 1996, a dupla formada por Willian Bonner e Fátima Bernardes se transformou num padrão a ser seguido.
O JN também não foi muito feliz no que diz respeito a ter jornalistas negros entre seus apresentadores e repórteres. A primeira mulher negra a aparecer no noticiário foi Glória Maria, como repórter, em 1977. Só em 2002, pela primeira vez um homem negro apresentou o Jornal Nacional. Heraldo Pereira, depois disso, entrou no time de substitutos do programa e participa do rodízio desde então. Agora, 17 anos depois, vemos a primeira mulher negra na bancada.
Quem é Maju
Maria Júlia Coutinho cursou jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo. Sua carreira começou muito cedo, ainda como estagiárias, na Fundação Padre Anchieta onde ocupou vários cargos, inclusive o de repórter. Ela chamou a atenção do departamento de jornalismo da TV Cultura e foi convidada para apresentar o Jornal da Cultura ao lado de respeitadíssimo Heródoto Barbeiro.
Seu sucesso no Jornal da Cultura a levou direto para outro programa, o Cultura Meio–Dia onde permaneceu até ser convidada para integrar a equipe de jornalismo da Rede Globo, como repórter de campo, em 2007. Não demorou muito até Maju Coutinho assumir a apresentação da meteorologia no Jornal Hoje e Jornal Nacional.
A linguagem jovem e o jeito descontraído cativaram o público, acostumado ao modo sisudo e sério como os jornais da Rede Globo vinha sendo apresentados. O visual descolado, o sorriso no rosto e a naturalidade com que sempre interagiu com os apresentadores, ganhou carinho do grande público. Ainda assim, em 2015, ela foi alvo de diversos ataques racistas pela internet.
Elegante e firme, Maju deu sua resposta a esse ataques, ao vivo, durante sua participação no Jornal Nacional. A jornalista recebeu apoio de colegas e famosos, inclusive de William Bonner que quebrou o protocolo, repudiou os ataques racistas e mostrou a hashtag #somostodosmaju em claro sinal de apoio a colega.
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