O mercado fonográfico propõe uma lógica comercial em que prioriza o potencial de venda em detrimento ao potencial criativo dos artistas. O resultado é uma enxurrada de “hits” pré-fabricados e músicos com talentos questionáveis. Assim, com letras e arranjos elaborados acabam sendo deixados de lado enquanto o mainstream da música brasileira cai na repetição e no lugar comum.
Porém, existem aqueles que ainda buscam o seu espaço com produções de qualidade e com diversidade criativa. O cenário independente brasileiro está cheio de trabalhos interessantes e que merecem a atenção daqueles que buscam por novas sonoridades. Recém lançado em Itabira, o álbum “Nativa Latina”, do músico Genésio Reis, é uma obra que merece atenção por sua amplitude rítmica e letras bem compostas.
Produzido com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, a Lei Drummond, parcerias com empresários locais e investimento próprio, “Nativa Latina” traz uma miscelânea musical que transita pela Música Popular Brasileira (MPB) – e em alguns momentos com referências à sonoridade típica do movimento mineiro Clube da Esquina –, samba, ritmos regionais, como o forró, e o chorinho.
A música “Noturno”, com seus dedilhados nas cordas do violão, emana a boemia em sua letra: “Sou noturno, e dou fé / das maravilhas noturnas / nos bares e cabarés”. O regionalismo aparece no compasso de canções com “Fragilidade”, que dispara “Vem a saudade das noites / das festas de boi-bumbá / do canto das cachoeiras / levando vida pro mar”. A faixa-título, “Nativa Latina”, que traz um arranjo de sax e guitarra, remete aos trabalhos de MPB enquanto entona “tudo é divino e mais / fora das lógicas tais / que regem os temporais”.
O trabalho de Genésio Reis vai além das canções registradas neste artigo e todas as 12 faixas merecem um pouco de atenção do ouvinte – é mais uma produção de qualidade que surge no cenário musical itabirano.

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