Em muitas cidades se observa um fenômeno bastante interessante: o entendimento de que o espaço público não pertence à população. O resultado disso são ruas, praças e parques pouco explorados e que acabam não cumprindo o seu papel social – contribuir para uma vida em comunidade mais saudável. Parte disso se deve ao poder público que não estimula iniciativas de ocupação desses locais, outra parte se deve à própria população, que abre mão de usar essas localidades para o bem comum.
São motoristas que entendem que elas pertencem aos carros (avenidas mais largas, carros mais velozes e muito, muito mais estacionamento); são vizinhos que não aceitam movimentos culturais esporádicos em sua redondeza; são pessoas que desestimulam os jovens de passarem parte do seu tempo aproveitando a companhia de amigos e realizando atividades ao ar livre. Uma mentalidade que acaba por trancafiar a população em casa ou reduzir as possibilidades de acesso à cultura e ao entretenimento.
É claro que, para o bom convívio social, é preciso ter entendimento e respeito ao próximo. E isso passa por abrir mão de uma coisa ou outra. O descanso precisa ser respeitado, assim como o entretenimento se faz necessário. Ruas, praças e parques ocupados só fazem bem a uma comunidade, além de aproximar ainda mais a população. Com boa vontade é possível criar uma cidade harmônica e bela.
Em Itabira, diversas iniciativas mostram o interesse de parte da população em criar uma cidade ainda mais cultural e receptiva. Coletivos têm se reunido para fomentar a cultura local – sobretudo com abertura para os artistas itabiranos mostrarem seu trabalho – e gerar um pensamento de preservação e apropriação do espaço público. Exemplos disso são o Altamente e Arredaí, iniciativas que vêm mostrando que a cidade é nossa e que podemos deixá-la ainda melhor.
Outro exemplo é o projeto “Sofá na Rua”, nascido em Pelotas, no Rio Grande Sul, e que desembarcou em Itabira no sábado, 28 de janeiro. O Largo do Batistinha, tradicional praça no centro da cidade, teve a sua paisagem alterada por aqueles que foram prestigiar a cultura local e utilizar um espaço pouco explorado culturalmente. E não para por aí, no dia 18 de fevereiro o coletivo Altamente volta a promover evento, dessa vez na escadaria próximo ao Mercado Municipal Caio Martins da Costa, conhecido como Cobal. Mais uma manifestação de que em Itabira as ruas e as praças são extremamente convidativas.