Durante a Copa do Mundo de Futebol confesso que tive momentos contraditórios.Todos nós sabíamos do superfaturamento, da incompetência, dos roubos, da manipulação e de todos os escândalos envolvidos nas construções dos estádios dessa Copa. Mas como alguém que ama seu país pode torcer contra a própria seleção? Como não torcer pelo Neymar, que nos encanta com suas jogadas geniais? Ou todos aqueles jogadores que deram tudo de si para poder alegrar uma nação com a vitória? A culpa não era da seleção e, como patriota, eu torci, vibrei, sofri e chorei.
Mas acredito que o melhor foi termos perdido e, melhor ainda, da forma como perdemos: tomando uma sova de 7×1 em uma semifinal onde o Brasil era o grande anfitrião. Pois, a partir daí, acabou-se de vez com a falsa impressão de que está tudo bem. Sim, digo que foi importante sermos humilhados no futebol para lembrarmos que, assim como qualquer outra coisa neste mundo, o futebol também evolui.
Nossa pretensão começa com a premissa de que Deus é brasileiro e termina na certeza de sermos o país do futebol. Mas pera lá, como isso é possível se o atual presidente da CBF opõe-se a viajar temendo ser preso como seu antecessor? Como acreditar que esses indivíduos acrescentam algo para o futebol?! Será mesmo que somos o país do futebol quando a comissão de arbitragem se mantém omissa e ditatorial “premiando” com cartões amarelos toda e qualquer manifestação contrária ao apito? Afinal, já se perguntaram por que árbitro de futebol não dá entrevista? Enquanto as federações não forem transparentes e justa iremos continuar sendo reconhecidos como o país da malandragem, do jeitinho brasileiro, de procurar sempre o caminho mais curto – seja qual for o preço – e não o país do futebol.
Se pegarmos como exemplo o Corinthians, vemos que a continuidade é essencial para o sucesso. No início do ano, a equipe paulista foi eliminada pelo Guarani do Paraguai na Libertadores e o que aconteceu com o Tite? Nada. Depois foi eliminado pelo Palmeiras no estadual e o que aconteceu com o Tite? Nada. Em seguida,pelo Santos, na Copa do Brasil, e o que aconteceu com o Tite? Nada. E agora é premiado merecidamente com este Brasileirão, ou seja, essa máxima de que “futebol é resultado” já era, o que se aplica é um trabalho qualificado e profissional, pois no mundo da bola nem sempre há justiça.
Logo, creio que o maior legado que a Copa nos trouxe foi à preferência do coletivo ao individual. O famoso “jeito” moderno de se jogar: compacto, tático, veloz e físico. O Corinthians será campeão brasileiro com um trabalho sério, forte e absurdamente coletivo. Fruto que já se colhe por entender que demitir técnico é uma medida de curto prazo e ineficaz. Futebol é coisa séria, envolve além de paixão muito dinheiro e deve ser administrado por profissionais competentes, não por pessoas de má fé e dirigentes amadores que só nos deixam ainda mais estagnados e menos perplexos com a próxima goleada…