Primeiro quero pedir desculpas aos queridos leitores pelo sumiço, estou de volta e com saudades de prosear com vocês.
Eu sempre falo da pressão da cozinha, do lado estressante e todos os problemas que passamos nessa profissão.
Hoje eu vim falar do outro lado, de como a cozinha me ajuda, como eu uni o meu lugar predileto com a terapia. A cozinha sempre foi um lugar que eu gostei de estar, profissionalmente ou não, mas, nos momentos de tensão, de tristeza, confusões, é lá no meio das panelas, utensílios e insumos que eu me encontro, que eu organizo as ideias e acalmo meu coração.
Eu fiz uma promessa pra mim que, no dia que eu pegasse numa panela sem prazer e sem amor, eu não cozinharia mais e faço questão de cumpri-la. É por isso que quando eu entro na cozinha tudo que me angustia, me preocupa e me traz sentimentos ruins fica para trás; por pior que tenha sido o dia, é na cozinha que eu me conecto com o melhor de mim e acho minha paz interior.
Eu crio, eu me reinvento, coloco tudo de melhor em cada coisa que preparo, vez ou outra escorre uma lágrima, um sorriso se desenha nos meus lábios e ali, num ato de contrição, eu me perdoo, perdoo os outros, canalizo o melhor que há de mim e coloco nos pratos que faço.
E juro, não há terapia melhor! Vocês deveriam tentar. É transformador a maneira como eu entro e como eu saio, por mais que esteja exausta, com pés doloridos e coluna torta, a alma sai leve e o coração em paz.
A cozinha me salva várias vezes e de diversas maneiras e, hoje, nessa segunda que eu vos escrevo, que começou conturbada e com um pequeno acidente doméstico, prometo que terminará na cozinha com um prato repleto de sentimentos bons e temperado com amor.
Estou feliz por estar de volta. Semana que vem tem receitinha delícia pra vocês.
Um “xêro” da Nêga!