Há de se concordar que a autoestima de nós, brasileiros, é inexpressiva, ou, simplesmente, podemos dizer que não temos o costume de valorizar o que somos ou o que é nosso. Também se sabe que o nosso futebol possui um talento incomum e de grande qualidade. Acho que ninguém discorda dessas afirmativas. O mais intrigante é a forma como nós assimilamos e convivemos com ambas as prerrogativas.
Vivemos em um momento de extrema importância para o país: o combate à corrupção. Assim como a nação, o futebol também enfrenta o mesmo problema que nos gera grandes consequências e que costumo definir como castigo da bola. Exemplo desses fatos são os dois vexames das copas de 1950 e a recente 2014, que nós insistimos em cutucar as feridas afim ampliar ainda mais as cicatrizes causadas.
Em minha concepção existem duas maneiras de se encarar um revés: a positiva, na qual você se mantém focado e aprende com os erros, e a negativa, na qual temos a depressão e desistência sem qualquer tipo de reflexão para uma possível melhora em uma próxima oportunidade. Graças ao grande Nelson Rodrigues, podemos definir esse sentimento de uma forma bem simples: a síndrome do vira-lata. Nome dado à constante autodepreciação. E é essa a nossa atitude após cada revés. O mesmo ocorre com os times do coração. Sempre há alguém dizendo “não adianta, somos fracos, não temos qualidade, está tudo errado, falta tudo”… mas, não é bem assim! Temos bons jogadores, os melhores defensores, um gênio e outras várias qualidades. Se jogam bem ou não, pela seleção brasileira, é outra coisa. Certo é que qualidade nós temos, ainda que a maioria da cúpula futebolística brasileira se esforce em não promover o esporte. Entretanto, é mais cômodo desistir que persistir.
Devamos ficar alertas para a nossa má gestão que influencia, e muito, a nossa competitividade e, muitas vezes, nos tira a esperança de melhora. Mas também isso não nos leva ao fim do poço como a maioria diz. Sim, me considero um sonhador, pois, sem esperança, não há progresso. Nós nos colocamos nessa situação e só nos cabe sairmos desse lugar. E, para isso, a mudança precisa começar de cima para baixo. Pois, se o maior dirigente de nosso futebol (presidente da CBF) só se preocupa com dinheiro e poder, fica difícil conseguir algum progresso esportivo.
Que venham as Olimpíadas… vai Brasil!