Prezados leitores, novamente agradeço os acessos, curtidas, compartilhamentos e elogios à coluna. Nosso objetivo, ao falar sobre a língua portuguesa, é tirar dúvidas e despertar nas pessoas a curiosidade, pelo menos.
Temos um grande desafio para essa semana. No mês em que Carlos Drummond de Andrade faz aniversário, o Trem das Gerais nos desafiou a apresentar nosso tema “juntamente” com o poeta maior.
Pesquisamos e encontramos o poema que segue:
AULA DE PORTUGUÊS
A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.
Aqui segue um breve relato do professor Sandro Zanon, autor do livro A Difícil Arte de Traduzir – Suas Armadilhas, Seus Desafios, sobre essa obra:
“Esse interessantíssimo poema de Drummond de Andrade aborda o tema da diferença entre a língua falada com tranquilidade pelos alunos e a língua escrita e normatizada ensinada nas escolas. O poeta dá testemunho de sua perturbação diante do mistério da língua escrita. Note como fica sugerido o confronto entre o universo solto da vida comum e o mundo do saber representado pela escola”.
Espero que gostem. Boa leitura!