Acredito que quando o metalúrgico aposentado Rubens Campolino, de 70 anos, aceitou o trabalho de Papai Noel em um shopping em São José dos Campos (SP), ele não imaginava que estaria no centro de acaloradas discussões. Assusta a onda de repercussão, sobre tudo na internet, pelo o fato dele, um homem negro, assumir o papel do bom velhinho.
Entre os incontáveis e absurdos comentários feitos na rede estão questionamento como: “mas o Papai Noel sempre foi branco”. O que mais me assusta é que o fato de, num país de maioria negra, as pessoas se indignarem com fato de um personagem do imaginário infantil também ser negro!
Entra aqui, para mim, a importância que Sêu Rubens terá para centenas de crianças esse ano. O que ele fará sendo o papai noel do shopping é oferecer aos pequenos a possibilidade de se identificarem com ele. Representatividade é isso! Ele próprio já está sentindo a positividade de sua ação. Disse em um das muitas entrevistas que deu: “As reações das crianças variam, tem crianças negras que acabam comentando que pareço um parente, o pai, o avô e já se sentem em casa”.
Seguimos, em passos lentos, buscando formas de apagar as mazelas de um passado cheio de preconceitos. Mas, assim como prega o espírito de Natal, há que se ter esperança.